O fechamento do porto da empresa Cargill, na manhã de sábado (24), em Santarém, pegou de surpresa os produtores de soja cadastrados na empresa. Eles mantinham a esperança de que o porto não seria fechado, mas exigido somente o Eia-Rima. Para esses produtores o desespero foi bem maior. Daqui a menos de 40 dias, começa a colheita da safra plantada em 17 mil hectares de terra dentro do município. A expectativa é que 680 mil sacas com o produto sejam colhidas. Local para armazenamento ainda não existe em Santarém. A única empresa que tem a estrutura é a Cargill, mas foram lacrados a sala de controle dos equipamentos do porto e os portões de acesso à empresa, além dos silos de armazenamento de grãos. A ação cumpriu decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que ordenou a suspensão de quaisquer atividades no porto da Cargill, confirmando a decisão liminar de 2000 da Justiça Federal em Santarém.Pelo terminal, passa um milhão de toneladas de grãos de soja por ano. Cinco por cento deste total são produzidos na própria região de Santarém; os outros 95% vêm do Centro-Oeste, principalmente de Mato Grosso. A soja vai por rodovia até Porto Velho, em Rondônia. De lá, segue por barcaças pelos rios Madeira e Tapajós até o terminal em Santarém, quando é transferida para navios, que descem o rio Amazonas até o alto-mar. O fechamento do terminal obriga toda a produção da região a sair por Santos, em São Paulo e Paranaguá, no Paraná. O próximo embarque de soja no porto de Santarém estava marcado para o dia 4 de abril. O presidente do Sindicato Rural, Adinor Batista, disse que a solução para armazenar a soja a ser colhida ainda não existe, o que se pensa agora é o ressarcimento dos investimentos feitos pelos produtores, que estão endividados com as agências bancárias porque fizeram empréstimos para investir na aquisição de equipamentos, terras e insumos para o plantio de soja na região. “Não se sabe o que fazer com essa soja e nem como vão ser pagas as contas dos empréstimos”, reclamou.
terça-feira, 27 de março de 2007
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