sexta-feira, 23 de março de 2007

Aquecimento mental

"As massas não buscam a reflexão crítica: elas simplesmente seguem suas próprias emoções". Esta frase do economista Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914), da escola neoclássica austríaca, reflete de forma irrefragável o modo em que as massas são conduzidas. A primeira mordaça mental aplicada sobre a humanidade foi o mau uso da fé pela Igreja Católica, que, apesar de desgastada, ainda sobrevive graças à ignorância dos inocentes em países pobres, mesmo perdendo lugar para a contínua evolução globalizante. Na atualidade, a fiúza foi substituída por pseudociência, todavia, o paradigma e o modus operandi continuam os mesmos: provocar medo nas massas, para mantê-las sob controle, como obedientes ovelhas.
No contexto atual, nada se enquadra de forma mais alinhada ao pressuposto de controle planetário de massas que o mito do "aquecimento global" hipoteticamente fruto de causas antropogênicas (humanas), acenando de maneira deslavada um eventual cataclismo tão horripilante quanto improvável de acontecer. Por isso, para o bem da humanidade, é necessário que mais esta mordaça mental seja aniquilada. Do contrário, estaremos retrocedendo a uma nova "inquisição", onde novas gerações poderão ser trucidadas em forcas espúrias. Tudo em nome do "equilíbrio" do meio ambiente, que nunca esteve e nunca estará "equilibrado".
Na década de 1970, a histeria era sobre o "esfriamento global" e os prospectos de uma nova era glacial. Um relatório daquela época, da Academia Nacional de Ciência dos EUA, levou a revista Science a concluir, em sua edição de 1º de março de 1975, que uma longa era glacial seria "uma possibilidade real". De acordo com a edição de 28 de abril de 1975 da revista Newsweek, "o clima da terra parece estar se resfriando". Uma impressão de urgência era parte da histeria do "esfriamento global" de então, tanto quanto o é na histeria atual do "aquecimento". De acordo com a edição de fevereiro de 1973 da Science Digest, "quando o congelamento começar, será muito tarde" (para a humanidade fazer alguma coisa).
Ironicamente, dos míseros 0,6 ºC de aumento médio de temperatura nos últimos 130 anos, a maior elevação aconteceu antes da Segunda Guerra Mundial. A propósito, como os ambientalistas da corrente antropogênica explicam o fim da Era Glacial de Würm, há 150 mil anos, se naquela época não havia revolução industrial, modernas tecnologias e 6,4 bilhões de pessoas pisando no globo terrestre?
O sofisma expressa a tática de transformar mentiras em verdades inquestionáveis. É no que consiste o alegado, mas inexistente "consenso" construído em torno do "aquecimento global". Historicamente, recorrer ao consenso tem sido uma das principais táticas para edificar mentiras: é uma forma eficiente de blefe para evitar o debate, afirmando que "o problema já foi identificado". Esta tática foi justamente um dos grandes trunfos inquisitoriais: "Deus mandou te matar herege, cale a boca e ponto". Tal "consenso" foi tão eficiente que nenhum "religioso" foi condenado por genocídio.
Quem não se lembra do consenso eclesiástico em torno do sistema geocêntrico? Quantos não mataram em nome deste totalitarismo teocrata conveniente? Galileu Galilei, a exemplo de Nicolau Copérnico, quase perdeu a vida por defender a verdade do heliocentrismo. Contudo, o consenso em ciência não significa nada. A ciência exige que apenas um cientista tenha razão e que esta razão se constitua uma lei natural jamais seja desmentida. (Não é isso que vemos com a moderna Climatologia, que diante de tanta polêmica global, não aparenta ser uma ciência exata.) Se nossos cientistas antepassados não tivessem desafiado o consenso inquisitorial, até hoje estaríamos atravessando os oceanos a vapor.
Mas a própria Igreja Católica mudou sua postura. Em discurso prolatado durante a assembléia plenária de 3 a 6 de novembro de 2006, realizada pela Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, que trazia como tema: "A possibilidade de predição na ciência: precisão e limitações", o Papa Bento XVI defendeu que as conclusões científicas "têm de estar guiadas pelo respeito da verdade e pelo reconhecimento honesto, tanto da precisão como das inevitáveis limitações do método científico. Certamente, isso significa evitar profecias alarmantes quando não estão sustentadas por dados suficientes ou ultrapassam a capacidade atual da ciência para fazer previsões". Talvez a Igreja esteja consciente que se o planeta Terra tiver mesmo que se acabar, isto será em decorrência não da odisséia humana, mas por decisão divina, exatamente conforme está escrito na Bíblia, no livro do Apocalipse.
Contudo, esta postura serena e sensata da Igreja pode ser vista apenas na Europa, visto que lá os fiéis possuem alto grau de instrução e não aceitariam desvios de conduta como acontece com religiosos na América latina. Este é o caso, por exemplo, de Leonardo Boff, figura exponencial da Teologia da Libertação, que foi condenado anos atrás à lei do silêncio pelo Vaticano. Isto para não citar outros clérigos que aderiram a todas as teorias ambientais e socialistas no nosso continente.
Apesar deste sincretismo atual entre os ambientalistas e alas católicas na América Latina, faltava mais um elemento para compor a tríade: a esquerda. Com isso, a tática passou a transformar o "aquecimento global" em um mito para ser usado contra o processo civilizatório do capitalismo. Ou seja, tem gente que ainda não se convenceu que as experiências marxistas não deram resultados; tem gente que ainda espera o messias. Haverá pessoas daqui a dois mil anos esperando o fim da humanidade por causa do aquecimento global. Já estou escrevendo um livro antecipando mais este blefe. Quem sabe, daqui a dois milênios comecem a dar mais valor aos céticos. Criando um mito, não precisa mais se provar nada.
A única prova da real existência do "aquecimento global" dito antropogênico é que muitos miolos humanos estão derretendo.

Por Cleber Contragiani, da laia de Mário Barbosa.

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