segunda-feira, 7 de maio de 2007

Último adeus: Enéas tem velório simples e discreto

Menos de 100 pessoas vão se despedir do fundador do Prona


Agência Estado
Um velório simples e discreto, que não reuniu mais de 100 pessoas, familiares, amigos e correligionários se despediram ontem do deputado federal Enéas Carneiro (PR-SP) no Rio, onde ele morreu no domingo aos 68 anos. O corpo de Enéas foi velado durante toda a manhã no Memorial do Carmo, no Caju (zona portuária), por onde passaram alguns deputados como Jair Bolsonaro (PP-RJ), Valdemar Costa Neto (PR-SP), Jorge Bittar (PT-SP) e o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP). No início da tarde, o corpo foi cremado.
'O deputado Enéas expressava um pensamento relacionado com a defesa do País, a preocupação com a soberania e o desenvolvimento do Brasil. Embora muitas de suas teses fossem polêmicas, sempre as defendia com um profundo espírito público e patriótico', elogiou Aldo. Para Bittar, Enéas soube demonstrar sua inteligência e honrar as votações expressivas que o levaram à Câmara com uma atuação combativa. 'Perde-se um parlamentar muito representativo', lamentou.
O líder do Partido da República (PR) na Câmara, Luciano Castro (PR-RR), prometeu que a legenda continuará defendendo as idéias de Enéas. 'Ele foi um nacionalista convicto', definiu. Parlamentares do PR pretendem homenagear Enéas hoje numa marcha em Brasília contra o aborto, cuja legalização ele se opunha radicalmente.
O deputado estadual Edino Fonseca (PR-RJ) admitiu que o dono do bordão 'meu nome é Enéas' foi muitas vezes mal compreendido e citou a defesa da bomba atômica brasileira. 'Ele não queria que usássemos a bomba, mas mostrar que um país só é respeitado pela força que tem', defendeu.
Muito emocionada, a ex-deputada estadual Havanir Nimtz disse que apesar de ter trocado o antigo Prona pelo PSDB, Enéas foi seu mentor político. 'Ele seria um grande presidente', afirmou, lembrando que o deputado concorreu três vezes à Presidência.
Para o irmão mais velho de Enéas, Eustáquio José Carneiro, de 77 anos, o deputado ainda não se considerava realizado na política. 'Eu não queria que ele entrasse para a política. Pela personalidade que tinha, achava que ele não se daria bem. Era radical. Quando pensava uma coisa, ia até o fim. Fui vencido e ele foi o meu orgulho', contou.
Suplente obteve o equivalente a 1% da votação alcançada pelo titular
A vaga deixada pelo deputado Enéas Carneiro (PR-SP), morto ontem, será ocupada pela suplente Luciana de Almeida Costa (PR-SP). Formada em odontologia, 33 anos, Luciana teve 3.980 votos, número equivalente a 1% da votação de Enéas (386.905 votos) e a 0,019% dos votos válidos para deputado federal em São Paulo. Os dois deputados foram eleitos pelo Prona, partido fundado por Enéas em 1989, e que fez a fusão com o PL em 2006, resultando no Partido da República (PR).
Prona e PR não atingiram a chamada cláusula de barreira nas eleições e fizeram a fusão para continuar tendo a direito a tempo de TV e recursos maiores do fundo partidário. Luciana era assessora de Enéas, contratada pelo gabinete do deputado como secretária parlamentar.
Dados da prestação de contas de campanha eleitoral dos deputados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que tanto Enéas quanto Luciana foram os únicos doadores de suas campanhas. Enéas declarou à Justiça Eleitoral que gastou R$ 6.047,07 em sua campanha e Luciana Costa declarou a receita de R$ 2.106,00 em sua campanha.
MILITAR
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse ontem que se identificava com o deputado Enéas Carneiro pelo fato de também ser militar. Enéas morreu ontem à tarde, no Rio, vítima de leucemia. Bolsonaro admitiu que diversas vezes pensou em se filiar ao Prona, partido fundado por Enéas. 'Ele (Enéas) foi um homem que em momento algum cedeu às pressões. Era uma pessoa firme', afirmou o deputado.

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