EDUCAÇÃO - Governo Lula aguarda a governadora Ana Júlia decidir em qual cidade paraense deve ser construída mais uma universidade federal.
Mário Barbosa
Agência Amazônia
Sedenta por desenvolvimento, a região Oeste do Pará, onde Santarém figura como cidade-pólo, aguarda pacientemente a pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), da rodovia Curuá-Una (PA-370), o funcionamento do Hospital Regional, recém-construído pelo governo do Estado, a construção de um terminal fluvial no porto da cidade e de um estádio desportivo de grande porte. A este rol de exigências de cidadãos e líderes locais, surge mais uma: a criação e a construção da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), como obra necessária para contemplar o setor educacional da região. Atualmente, o quadro do ensino superior na cidade de Santarém é composto por seis universidades: três particulares e três públicas, que são: a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mesmo assim, a demanda por vagas em cursos superiores continua elevada porque Santarém é procurada por estudantes de 19 municípios do Oeste do Pará e de alguns do Estado do Amazonas, pelo fato de estar situada entre as capitais Belém e Manaus, à margem do rio Tapajós. No último vestibular da UFPA, por exemplo, 1.690 candidatos concorreram a 270 vagas somente no Campus de Santarém. "Essa região é muito grande. De acordo com um levantamento de dados que fizemos, no ano passado aproximadamente 15 mil alunos concluíram o ensino médio na região, ou seja, se menos de duas mil pessoas concorreram ao nosso vestibular, podemos dizer que muitos alunos sequer conseguem acessar o ensino superior, tanto pela distância quanto pelas condições financeiras, porque a maioria não tem condições de pagar um curso particular", afirma Marlene Escher, coordenadora do Campus da UFPA em Santarém.
Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo Lula pretende construir quatro novas universidades federais no Brasil, uma delas no interior da região Norte. Marlene explica que, a princípio, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, solicitou a universidade para seu Estado, mas o ministro da Educação, Fernando Haddad, antes de qualquer decisão, preferiu consultar o reitor da Universidade Federal do Pará, Alex Bolonha Fiúza de Melo, que faz parte dos quadros do Ministério da Educação. O reitor da UFPA argumentou que o Pará seria o Estado mais indicado para receber uma nova instituição de ensino superior, pois sua população não se concentra tanto na capital, diferentemente do que ocorre no Estado do Amazonas. O Ministro acatou a sugestão, mas a escolha da cidade cabe agora à governadora Ana Júlia. Paralelamente às cogitações do Poder Executivo, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei 213/2006, de autoria do senador paraense Flecha Ribeiro, visando à criação da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). "É muito conveniente a iniciativa do senador, pois consiste numa sinergia de esforços em prol da educação. O projeto de lei veio num momento oportuno, ao encontro do interesse do Poder Executivo de construir uma universidade federal no Pará", raciocina Marlene. Quanto ao espaço físico, ela diz que o ideal seria que a sede da UFOPA ficasse num único lugar, e aponta como local mais indicado o terreno da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), localizado no bairro do Salé. "Calculo que por uns 10 anos esse terreno será suficiente, mas se por acaso a demanda aumentar mais do que o previsto, principalmente em decorrência do asfaltamento da rodovia BR-163, teremos que trabalhar em duas frentes: primeiro, acelerar o processo de interiorização nos municípios vizinhos e, segundo, solicitar do governo federal o terreno localizado entre as avenidas Curuá-Una e Turiano Meira, que hoje é de propriedade do 8º Batalhão de Engenharia e Construção, conforme processo que já está tramitando em Brasília", explica a coordenadora. A criação da UFOPA implica um rearranjo institucional. Por um lado, pode incorporar a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que também opera na cidade de Santarém, exatamente no terreno da antiga SUDAM, e, por outro lado, implica o desmembramento do Campus de Santarém, da Universidade Federal do Pará, que assim passará a ter oito Campi no Estado do Pará. Também será implantada uma fundação dentro da UFOPA, a exemplo da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP), da UFPA. "Nossos acadêmicos já deviam estar se preparando para os concursos. Também haverá concursos para professores. Logo de imediato, algo em torno de mil empregos, entre diretos e indiretos", frisa Juarez Bezerra Galvão, vice-coordenador do Campus de Santarém.
"Se a região Oeste do Pará como um todo for contemplada em suas demandas, não há que se falar em separatismo"
A coordenadora do Campus de Santarém não esquece de mencionar o apoio que Alex Fiúza vem dando para a criação da nova instituição. "Primeiro, ele conseguiu argumentar com o Ministério da Educação, depois, fez um compromisso verbal conosco de que a Reitoria assessoraria a administração da UFOPA nos primeiros anos de sua implantação", conta. Com a criação e a construção da UFOPA, a política de interiorização do ensino público superior pode conhecer um alento. Hoje, a UFPA, mantém núcleos em sete municípios da região: Almeirim, Óbidos, Itaituba, Oriximiná, Alenquer, Curuá e Monte Alegre. Com a nova instituição, cada um desses núcleos poderá se converter em Campus, e os seus cursos intervalares poderão ser ministrados regularmente. Em cidades menores, como Rurópolis, Juruti e Belterra, poderão ser criados núcleos, para suprir toda a demanda. "O Campus de Santarém vem fazendo tudo o que é possível quando o assunto é interiorização, mas a dependência e a distância de Belém acabam tornando tudo mais difícil e burocrático. O acesso à Capital por vias terrestres é inviável. De avião, nem sempre é possível. E por vias fluviais, leva-se mais de 48 horas. Com a UFOPA, teremos autonomia para agilizar a política de interiorização. Também poderemos trazer novos cursos superiores. Hoje os que temos são: Direito, Biologia, Física Ambiental, Sistema de Informação, Letras, Pedagogia e Matemática", relata Marlene.
ARTICULAÇÃO
Marlene Escher tem se empenhado pessoalmente nas articulações para criação e implantação da UFOPA. "Já estive na Assembléia Legislativa conversando com a bancada do Oeste do Estado. Também estive na reunião da Associação dos Municípios das Rodovias Transamazônica, Santarém-Cuiabá e Região Oeste do Pará (AMUT), na cidade de Rurópolis, realizada no dia 17 de março. Nessas ocasiões, já consegui coletar assinatura de 19 prefeitos e de 17 deputados estaduais num documento de apoio à criação da Universidade. O que temos que nos preocupar agora é em persuadir a governadora Ana Júlia a olhar para a cidade de Santarém e se convencer da importância desse investimento educacional em Santarém. Isto feito, o próximo passo é esperar que o presidente Lula assine o Decreto de criação, o que poderá ser feito já no dia 3 de julho, quando ele deverá estar presente em Belém durante as comemorações de aniversário dos 50 anos da Universidade Federal do Pará", acredita. Marlene ressalta que o envolvimento das prefeituras e das câmaras de vereadores da região nos trabalhos de articulação é indispensável para a vinda da UFOPA para Santarém. Segundo ela, o prefeito de Itaituba, Roselito Soares, prometeu se empenhar à causa, pois está interessado em negociar um Campus universitário para o seu município. No último dia 3 de abril, terça-feira, foi realizada uma audiência com Mário Cardoso, secretário estadual de Educação, para tratar da criação da nova universidade. Também já é dada como certa a audiência com a governadora Ana Júlia para tratar do mesmo assunto, mas até o momento nenhuma data foi agendada. "As articulações e as reuniões vão continuar. Não vou descansar até o presidente Lula assinar o decreto de criação", garante a coordenadora do Campus de Santarém, que completa: "Se Santarém, e a região Oeste do Pará como um todo, for contemplada em suas demandas, não há que se falar em separatismo. A criação da UFOPA, assim como a pavimentação da BR-163, é apenas mais um passo para a integração da nossa região ao resto do Brasil". "Com certeza, a UFOPA implica num desenvolvimento mais homogêneo para a Amazônia, uma vez que a região Oeste do Pará historicamente é isolada do resto do país", arremata Juarez. "As universidades públicas federais aqui em Santarém possuem estruturas muito arcaicas. Acho que esse é o momento mais adequado para o governo federal mostrar que também tem força e que acredita na juventude. Também será uma boa oportunidade para a Ana Júlia mostrar que não gosta da nossa região somente na hora de pedir votos", conclui André Luiz Teixeira, estudante de Direito.
Mário Barbosa
Agência Amazônia
Sedenta por desenvolvimento, a região Oeste do Pará, onde Santarém figura como cidade-pólo, aguarda pacientemente a pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), da rodovia Curuá-Una (PA-370), o funcionamento do Hospital Regional, recém-construído pelo governo do Estado, a construção de um terminal fluvial no porto da cidade e de um estádio desportivo de grande porte. A este rol de exigências de cidadãos e líderes locais, surge mais uma: a criação e a construção da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), como obra necessária para contemplar o setor educacional da região. Atualmente, o quadro do ensino superior na cidade de Santarém é composto por seis universidades: três particulares e três públicas, que são: a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mesmo assim, a demanda por vagas em cursos superiores continua elevada porque Santarém é procurada por estudantes de 19 municípios do Oeste do Pará e de alguns do Estado do Amazonas, pelo fato de estar situada entre as capitais Belém e Manaus, à margem do rio Tapajós. No último vestibular da UFPA, por exemplo, 1.690 candidatos concorreram a 270 vagas somente no Campus de Santarém. "Essa região é muito grande. De acordo com um levantamento de dados que fizemos, no ano passado aproximadamente 15 mil alunos concluíram o ensino médio na região, ou seja, se menos de duas mil pessoas concorreram ao nosso vestibular, podemos dizer que muitos alunos sequer conseguem acessar o ensino superior, tanto pela distância quanto pelas condições financeiras, porque a maioria não tem condições de pagar um curso particular", afirma Marlene Escher, coordenadora do Campus da UFPA em Santarém.
Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo Lula pretende construir quatro novas universidades federais no Brasil, uma delas no interior da região Norte. Marlene explica que, a princípio, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, solicitou a universidade para seu Estado, mas o ministro da Educação, Fernando Haddad, antes de qualquer decisão, preferiu consultar o reitor da Universidade Federal do Pará, Alex Bolonha Fiúza de Melo, que faz parte dos quadros do Ministério da Educação. O reitor da UFPA argumentou que o Pará seria o Estado mais indicado para receber uma nova instituição de ensino superior, pois sua população não se concentra tanto na capital, diferentemente do que ocorre no Estado do Amazonas. O Ministro acatou a sugestão, mas a escolha da cidade cabe agora à governadora Ana Júlia. Paralelamente às cogitações do Poder Executivo, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei 213/2006, de autoria do senador paraense Flecha Ribeiro, visando à criação da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). "É muito conveniente a iniciativa do senador, pois consiste numa sinergia de esforços em prol da educação. O projeto de lei veio num momento oportuno, ao encontro do interesse do Poder Executivo de construir uma universidade federal no Pará", raciocina Marlene. Quanto ao espaço físico, ela diz que o ideal seria que a sede da UFOPA ficasse num único lugar, e aponta como local mais indicado o terreno da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), localizado no bairro do Salé. "Calculo que por uns 10 anos esse terreno será suficiente, mas se por acaso a demanda aumentar mais do que o previsto, principalmente em decorrência do asfaltamento da rodovia BR-163, teremos que trabalhar em duas frentes: primeiro, acelerar o processo de interiorização nos municípios vizinhos e, segundo, solicitar do governo federal o terreno localizado entre as avenidas Curuá-Una e Turiano Meira, que hoje é de propriedade do 8º Batalhão de Engenharia e Construção, conforme processo que já está tramitando em Brasília", explica a coordenadora. A criação da UFOPA implica um rearranjo institucional. Por um lado, pode incorporar a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que também opera na cidade de Santarém, exatamente no terreno da antiga SUDAM, e, por outro lado, implica o desmembramento do Campus de Santarém, da Universidade Federal do Pará, que assim passará a ter oito Campi no Estado do Pará. Também será implantada uma fundação dentro da UFOPA, a exemplo da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP), da UFPA. "Nossos acadêmicos já deviam estar se preparando para os concursos. Também haverá concursos para professores. Logo de imediato, algo em torno de mil empregos, entre diretos e indiretos", frisa Juarez Bezerra Galvão, vice-coordenador do Campus de Santarém.
"Se a região Oeste do Pará como um todo for contemplada em suas demandas, não há que se falar em separatismo"
A coordenadora do Campus de Santarém não esquece de mencionar o apoio que Alex Fiúza vem dando para a criação da nova instituição. "Primeiro, ele conseguiu argumentar com o Ministério da Educação, depois, fez um compromisso verbal conosco de que a Reitoria assessoraria a administração da UFOPA nos primeiros anos de sua implantação", conta. Com a criação e a construção da UFOPA, a política de interiorização do ensino público superior pode conhecer um alento. Hoje, a UFPA, mantém núcleos em sete municípios da região: Almeirim, Óbidos, Itaituba, Oriximiná, Alenquer, Curuá e Monte Alegre. Com a nova instituição, cada um desses núcleos poderá se converter em Campus, e os seus cursos intervalares poderão ser ministrados regularmente. Em cidades menores, como Rurópolis, Juruti e Belterra, poderão ser criados núcleos, para suprir toda a demanda. "O Campus de Santarém vem fazendo tudo o que é possível quando o assunto é interiorização, mas a dependência e a distância de Belém acabam tornando tudo mais difícil e burocrático. O acesso à Capital por vias terrestres é inviável. De avião, nem sempre é possível. E por vias fluviais, leva-se mais de 48 horas. Com a UFOPA, teremos autonomia para agilizar a política de interiorização. Também poderemos trazer novos cursos superiores. Hoje os que temos são: Direito, Biologia, Física Ambiental, Sistema de Informação, Letras, Pedagogia e Matemática", relata Marlene.
ARTICULAÇÃO
Marlene Escher tem se empenhado pessoalmente nas articulações para criação e implantação da UFOPA. "Já estive na Assembléia Legislativa conversando com a bancada do Oeste do Estado. Também estive na reunião da Associação dos Municípios das Rodovias Transamazônica, Santarém-Cuiabá e Região Oeste do Pará (AMUT), na cidade de Rurópolis, realizada no dia 17 de março. Nessas ocasiões, já consegui coletar assinatura de 19 prefeitos e de 17 deputados estaduais num documento de apoio à criação da Universidade. O que temos que nos preocupar agora é em persuadir a governadora Ana Júlia a olhar para a cidade de Santarém e se convencer da importância desse investimento educacional em Santarém. Isto feito, o próximo passo é esperar que o presidente Lula assine o Decreto de criação, o que poderá ser feito já no dia 3 de julho, quando ele deverá estar presente em Belém durante as comemorações de aniversário dos 50 anos da Universidade Federal do Pará", acredita. Marlene ressalta que o envolvimento das prefeituras e das câmaras de vereadores da região nos trabalhos de articulação é indispensável para a vinda da UFOPA para Santarém. Segundo ela, o prefeito de Itaituba, Roselito Soares, prometeu se empenhar à causa, pois está interessado em negociar um Campus universitário para o seu município. No último dia 3 de abril, terça-feira, foi realizada uma audiência com Mário Cardoso, secretário estadual de Educação, para tratar da criação da nova universidade. Também já é dada como certa a audiência com a governadora Ana Júlia para tratar do mesmo assunto, mas até o momento nenhuma data foi agendada. "As articulações e as reuniões vão continuar. Não vou descansar até o presidente Lula assinar o decreto de criação", garante a coordenadora do Campus de Santarém, que completa: "Se Santarém, e a região Oeste do Pará como um todo, for contemplada em suas demandas, não há que se falar em separatismo. A criação da UFOPA, assim como a pavimentação da BR-163, é apenas mais um passo para a integração da nossa região ao resto do Brasil". "Com certeza, a UFOPA implica num desenvolvimento mais homogêneo para a Amazônia, uma vez que a região Oeste do Pará historicamente é isolada do resto do país", arremata Juarez. "As universidades públicas federais aqui em Santarém possuem estruturas muito arcaicas. Acho que esse é o momento mais adequado para o governo federal mostrar que também tem força e que acredita na juventude. Também será uma boa oportunidade para a Ana Júlia mostrar que não gosta da nossa região somente na hora de pedir votos", conclui André Luiz Teixeira, estudante de Direito.
Um comentário:
Sei que a implantação da UFOPA para o oeste do Pará já uma realidade, mas está na hora também de repensar nas ofertas de novos curso para esta região como:Psicologia,mecatrônica,Engenharia Civil e outros nesta linha.
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