quinta-feira, 1 de março de 2007

Liberado garimpo de Serra Pelada




O funcionamento do garimpo mecanizado de Serra Pelada está mais próximo depois da formalização do acordo entre a Companhia Vale do Rio Doce e a principal cooperativa de garimpeiros da região - Coomigasp. Presenciado pelo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, por técnicos da Comissão Interministerial e por diversos parlamentares, foi assinado ontem, em Brasília, o termo de anuência que pode permitir a retomada da exploração de ouro na região sudoeste do Pará.Conforme o termo, a Vale do Rio Doce devolverá uma área de 100 hectares, na área do antigo garimpo, para que a Coomigasp possa explorar o ouro. Em contrapartida, os garimpeiros autorizarão a Companhia explorar o calcário em uma outra área da cooperativa. 'Houve uma troca, e a Vale aceitou os termos. O que se espera, agora, é uma boa parceria entre as duas partes', afirmou o presidente da Coomigasp, Walder Falcão.O documento já foi protocolado no Departamento de Produção Mineral (DNPM), que é o responsável pela concessão de direitos de exploração. Até a próxima sexta-feira será publicado no Diário Oficial o alvará de pesquisa para que a cooperativa possa realizar os estudos de viabilidade na região. A Companhia Vale do Rio Doce possui estudos sobre a reserva e, pelo acordo, deverá cedê-los aos garimpeiros. Estima-se que na região há, ainda, cerca de 20 toneladas de ouro não explorado.Concluída a pesquisa, a cooperativa apresentará ao DNPM o relatório, acompanhado da licença ambiental e de um plano de exploração da área para a obtenção da concessão de lavra. Para os garimpeiros, será o início de uma nova era em Serra Pelada. Com a concessão, inicia-se uma fase de mecanização do garimpo, bem distinta do que era a região na década de 80, onde a corrida pelo ouro atraiu cerca de 100 mil garimpeiros.'O que vai ocorrer na região é a regularização para uma mineração industrial. Por isso, os garimpeiros não devem ter a impressão de que as atividades de garimpo se iniciaram novamente na região', explica o secretário de Geologia, Mineração e Transformação do ministério, Cláudio Scliar.Conforme o presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, Raimundo Benigno, cinco empresas estrangeiras (americanas, canadenses e japonesas) já mostraram interesse em fazer parcerias para a exploração industrial dos minérios da região, que desta vez não terá garimpeiros. 'A empresa dará o percentual líquido para a cooperativa distribuir entre os associados. É muito tentador para os garimpeiros da região, que estão vendo a possibilidade de ganhar três, até cinco salários mínimos com essa parceria', ressaltou.Pelo lado da Vale do Rio Doce o acordo também atende as necessidades da Companhia. Conforme o gerente de Direitos Minerários da Vale, Fernando Greco, além do fim dos constantes conflitos na região entre os garimpeiros e a empresa, a iniciativa deverá garantir ganhos econômicos. O calcário é a única matéria-prima para fazer o ligamento para temperar o ferro-gusa, fundamental na exploração do minério de ferro.

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