DECADÊNCIA
Com queda da produção de ouro, economia entra em queda e aeroporto perde status
A cidade de Itaituba, a 950 quilômetros de Belém, no oeste do Pará, aos poucos vai se transformando na terra do “já teve”. No início do ano, o aeroporto de Itaituba - que na década de 80, no auge da produção aurífera do município, chegou a ser o segundo mais movimentado do país, em número de pousos e decolagens (atrás apenas de Guarulhos (SP), perdeu a condição de aeroporto, passando a ser simples pista de pouso, como as que existem nos grotões amazônicos. Agora o município perde uma de suas maiores empresas de mineração. Desde maio passado, a Serabi, maior mineradora em operação, em Itaituba, decidiu levar o seu escritório central para Fortaleza (CE), deixando em Itaituba uma representação e a estrutura de exploração e de pré-beneficiamento do ouro, depois mandado principalmente para o exterior.
A Infraereo (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária) - empresa que administra os aeroportos brasileiros - chegou à conclusão de que o aeroporto de Itaituba não se justificava mais em operação e retirou de lá todos os equipamentos e pessoal empregado na manutenção da estrutura aeroportuária, fechando dezenas de postos de trabalho. Nenhuma voz se levantou no Congresso nacional para defender a permanência do aeroporto nas suas antigas condições, já que era uma das alternativas para os vôos com destino a Manaus (AM).
Com relação à Serabi, que produziu 1,1 tonelada de ouro em 2006 e 888 quilos no ano passado, apenas os vereadores de Itaituba, liderados por César Aguiar, manifestaram-se de forma enfática, puxando uma sessão especial na Câmara, em novembro passado, para discutir o assunto. Mas nem os parlamentares eleitos pelo oeste do Pará, como os deputados federais Zé Geraldo (PT), Joaquim Lira Maia (DEM) e os deputados estaduais Airton Faleiro (PT), Carlos Martins (PT), Josefina Carmo (PMDB), Júnior Ferrari (PTB) e José Megale (PSDB), por exemplo, levaram o caso para apreciação mais ampla em suas bancadas. Tampouco o Executivo paraense procurou evitar a consumação da mudança feita a passos de cágado, para minimizar o impacto e despistar a operação. No auge da produção de ouro, os garimpos do Tapajós produziam 14 toneladas de ouro por ano, em média. Só perdiam para Serra Pelada que teve uma vida útil efêmera. Hoje, o Tapajós produz, em média, 1,5 tonelada de ouro. Os altos investimentos necessários para a exploração manual e o rigor cada vez maior da legislação ambiental, praticamente inviabilizaram esse tipo de mineração. Atualmente, o Pará produz apenas 4,41 toneladas de ouro.
Antônio José Soares
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