segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Quatro meses de impunidade: Família quer justiça

Darte Vasques
Agência Amazônia


Amanhã, completa cento e vinte dias da morte do informante da Polícia Civil, Emanuel do Carmo Pinto do Rego, assassinado covardemente numa suposta queima de arquivo dentro de sua própria casa no bairro da Nova República, não explicada até o momento pelas autoridades de segurança pública no município de Santarém, região Oeste do Estado. Uma vida interrompida pela mais hedionda falta de segurança, premiada com a impunidade.
Para a família são quatro meses de choro compulsivo e de intensa dor, jamais imaginada por essas autoridades que têm o dever constitucional de criar mecanismos capazes de proporcionarem melhor segurança aos cidadãos. “Carminho”, como era conhecido, morto aos 36 anos, era casado e deixou três filhos órfãos, sendo que uma das suas filhas estava na casa no momento do crime e outra na casa ao lado, ouvindo os disparos que foram desferidos contra o pai.
Segundo informações de familiares, que não quiseram se identificar com medo de represálias, são fatos como esses que os impedem de acreditar em Justiça. “Vivemos dias de intensas denúncias de envolvimentos de parte da classe política e altas autoridades em escândalos gigantescos, recheados de prestação de favores em troca de dinheiro. Passaram-se quatro meses e continuo a esperar para que a Justiça seja feita, e os mandantes ou executores sejam identificados e punidos com o rigores da lei. Se é que ele existe de fato”, disse um familiar revoltado com a falta de pistas do crime.
“A dor que sinto a cada minuto da minha vida, não chega a sensibilizar as autoridades, a Polícia Civil, Militar, o Ministério Público, a Justiça. Nada! A indagação que fica é sempre a mesma: até quando terei de bradar aos quatro ventos para que a Justiça seja feita? Talvez essas autoridades estejam enganadas. Pensam erroneamente que serei vencida pelo cansaço. Mas enquanto eu tiver um sopro de vida, estarei lutando, gritando, clamando por Justiça, até que ela seja alcançada. Este sentimento jamais se calará dentro de mim”, disse outro parente.
A família transtornada alega que os amigos de Carminho que na sua maioria são investigadores de policia não dão atenção ao caso. Familiares justificam esse argumento, pois na busca de solucionar o caso, conseguiram obter o extrato de ligações dos últimos três meses anteriores ao crime do celular da vítima que foi entregue ao delegado de homicídios da Polícia Civil responsável pelo caso, Silvio Birro Duarty Neto. “Tinha muitas ligações com DDD do Amazonas”, contam.
Silvio Birro, disse a nossa reportagem que o inquérito já foi concluído e encaminhado a justiça. “O crime continua sendo investigado. O celular do acusado foi encontrado na residência da vítima e uma parte da placa da motocicleta que estava aguardando o atirador foi vista. A partir daí fizemos uma série de combinações chegando até uma chapa”, disse o delegado de homicídios da Polícia Civil. “Nós vamos resolver porque as pessoas empenhadas. As informações estão chegando, mas estão chegando de forma tímida”, completa, afirmando que as pessoas têm medo prestar informações.

O CRIME

Na manhã do dia 28 de junho deste ano, Carminho estava sentado no sofá da sala que fica na direção da porta de acesso a residência, quando uma pessoa chegou e disparou o primeiro tiro do lado de fora da casa. Mesmo baleado no peito ele se dirigiu à cozinha na provável tentativa de buscar algo para se defender. Ao retornar a sala se deparou com o autor do disparo dentro de sua casa iniciando uma verdadeira luta pela vida e gritou pela filha que corresse que estavam tentando matá-lo. Durante a luta corporal o celular do assassino caiu na casa de Carminho, além de nenhum objeto da casa ter desaparecido, descaracterizando o roubo ou latrocínio.
Um vizinho presenciou o primeiro disparo e ficou aguardando o meliante sair da residência. Quando o assassino saiu o vizinho deu uma enxadada nele levando o assassino de Carminho a cair duas vezes, mas este ainda conseguiu fugir. Moradores teriam acionado Policiais Militares que estavam em um PM BOX sobre o fato que estava acontecendo, mas os PMs teriam alegado que não havia combustível na viatura para atender a ocorrência.

FUTEBOL

Carminho gostava de futebol e beber com os amigos nos fins de semana. O informante estava determinado a deixar o serviço que sempre foi perigoso e a bebida. Meses antes do assassinato Carminho estava direcionando o Conceição da Nova República, time formado por garotos do bairro que empresta o nome e para isso deveria dar exemplo. O informante queria dar uma oportunidade aqueles garotos para não seguirem caminhos de violência e drogas. Sob a direção do informante o time ganhou o campeonato municipal promovido em alusão ao aniversário da cidade. Na comemoração, Carminho que não falava com a família sobre o dia-a-dia do seu serviço de informante, mas que já havia comentando sobre o possível abandono do ofício, proibiu o consumo de bebidas alcoólicas na comemoração do título do Conceição da Nova República.
O Liberal

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